segunda-feira, 5 de julho de 2010

Um tanto de mim


Sou um pouco de mim
Um pouco de tudo e nada

Tenho linguagem
e mil palavras,
ainda que certa parte
de mim é silêncio

Mesmo em terra fria
pra poesia
procuro cantarolar
ainda que sem voz
quando a tristeza é meu algoz

Já tive musa, hoje sou pobre
e um tanto de mim são outras coisas

Um tanto de mim é partida
o resto é chegada
Porque partida é doída lembrança
pois muita saudade também cansa

Com pouco recurso eu amo
Não tenho nada,
nem roupas,
nem sapatos,
sou andarilho diante do amor,
a ternura me veste, o carinho me calça,
o amor alberga minha alma.

Resta de meu ser minha quimera
de ser aéreo e escapar-se de mim
Bem ao longe um resto de mim
resto, rasto, rosto, fragmentos de bagagem
da vida na essência

Perco-me de mim ao lembrar
Onde nasci e cresci, e cresço e remeço
alegre a lembrança infante dentro de mim

Trago no fim
o que de mim espero
no exasperar da vida
Bem na verdade trago comigo
O eu do tamanho de mim

Um comentário:

  1. O doce cantar. Poemas são assim: Surgem quando menos esperamos. Ou quando realmente esperamos: alguém para sentir o calor humano. "Eu sou vários eus dentro de mim"

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