segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sua hora José



Acorda José
que já é dia,
os pássaros já todos de pé,
não deixe a preguiça tomar cria.
Come teu pão surrado
e vai-te embora que já é hora,
não te perca na demora.

Pega o ônibus José,
porque seu balanço
imita a vida
e você que é gente
gosta de gente como agente

Tem gente que dorme na viagem,
que vive de miragem,
mesmo acordado continua no sonho

Não sonhe José,
não dorme José,
Cante José,
ame José,
viva José.
Porque a labuta te espera
na esfera da vida.

A grande missão,
construir riqueza
pra uma grande nação.
Trabalhe José
sem ter tempo pra tristeza
que é pra deixar suave teu coração

Tu trabalhas José,
que no teu retorno
nunca esqueça
que o leite é branco
e vem do trigo o pão

Sua hora é agora José,
teu coração é brando,
enche-o com suor e dignidade,
mostre a ele que você é grande
e pra mais ninguém


Ouça tua orquestra de máquinas,
o melódico tilintar cruel do metal.
Os ruídos fabris
que te falam
e não dizem nada

Alegra-te José, a vida
não é triste poesia,
as horas dançam,
o vento canta
e o tempo passa
na tua ambígua lavra diária

Quando se finda o dia
no capricho da rotina,
o alivio,
o sossego,
a sensação que o mundo
lá fora te aguarda

Esperam no portão
com gracejos as tuas crianças;
e da cozinha vem o beijo quente
e o sorriso lindo

No retorno, as tuas mãos
transbordantes do labor
trazem pra casa a certeza
do pão e do abrigo

2 comentários:

  1. Oiê ... muito bom !
    Gostei e me identifiquei :"sem ter tempo pra tristeza
    que é pra deixar suave teu coração"
    Beijos da Ori.

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  2. Lindo poema! A hora de José é a hora de todos nós! Um abração da Lu!

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